Psicodrama, em Ginebra, Vale del Cauca, Colombia

 

Um Curso de Psicodrama em

 

Ginebra, Vale Del Cauca,

 

Colombia 

 Artigo elaborado por:

 

Dra. Lia Helena Giannechini

Diretora do curso

E

Silvio Rebolledo Manchola

como Tradutor e  Ego-auxiliar

 

“Bola ao cesto, basquete de nossas

 qualidades”

 

 

O curso foi dirigido aos líderes comunitários da região.

Nosso primeiro aquecimento foi um mapeamento grupal de que região estas pessoas vinham. Algumas da zona rural, outras da cidade.

 

O segundo mapeamento foi saber quem tinha até o primário, depois o secundário, depois faculdade. Poucas pessoas não tinham se formado no Colegial. Muitas eram as pessoas que tinham ensino técnico e faculdade.

O terceiro era quem conhecia o Psicodrama. E um deles, o próprio secretário é que conhecia a o Psicodrama. Todas as vezes que eu perguntava se alguém conhecia, sempre tinha algumas pessoas que já faziam Psicodrama em algum lugar, sem conseguir me dizer de que grupo eram as pessoas que dirigiam o Psicodrama.

Mas o medo inicial era saber quem estava fazendo Psicodrama e que imagem eles tinham deste trabalho.

 

 Mapeamento grupal é uma técnica do Psicodrama. Ela é dirigida a grandes grupos e avalia as relações sociométricas inconscientes, escondidas, submersas no grupo. Ela traz ao diretor um panorama das possíveis relações que se formam nestes contextos, que podem emergir do grupo, fazendo protagonistas ou criando as resistências ao trabalho com o grupo. As relações sociométricas submersas podem suscitar trabalhos específicos. Como em grupos mais fechados, onde cada um traz o Psicodrama que gostaria de aprender para uma finalidade específica.

 

Após este mapeamento a diretora de grupo pediu uma cena do que seria o Psicodrama para eles.

Neste primeiro contexto logo surgiu a capacidade de alguns membros de elaboração social, trazendo temas de muita compreensão social. A facilidade que eles têm de fazer a cena surpreendeu muito à diretora. Pra eles é uma coisa natural, que não traz vergonha nenhuma.

O que mostra a plasticidade e a espontaneidade deste povo.

 

Todos os temas contemplavam esta expectativa, de que o curso desse uma compreensão na área social.

E o primeiro conceito trabalhado foi o do diretor como um ego-auxiliar. O ego-auxiliar é um conceito que vem derrubar a imagem do diretor separado do grupo. Para o Psicodrama o diretor forma uma unidade de coparticipação, coexperiencia, correlação com o grupo, fazendo com eles um projeto dramático para a compreensão de situações que um participante, protagonista se dispõe a construir e verificar junto com este grupo. Neste grupo foram muitos protagonistas. Eles representaram a reflexão individual, que passa a ser grupal, a capacidade de seguir independente dos modelos parentais e sociais, e a capacidade de avaliação do subjetivo individual, pelo social grupal, a ligação com as forças universais.

 

O objetivo não era o trabalhar com o protagonista e sim desenvolver as fases de um grupo.

As fases que um grupo passa foram identificadas através de um jogo, onde eles montavam a história de modificação a cada passo deste grupo, através de um jogo de quadrados de madeira.

Este era o objetivo do curso: dar ferramentas para que eles pudessem compreender as fases que um grupo passa. E através de blocos de madeiras eles construíram história de como se começa a formar um grupo e o tipo de interação que se faz e depois como ela se desenrola ao longo de um tempo.

O grupo entendeu que eles passaram por estas fases ao longo da manhã que desenvolveram juntos os trabalhos, criando ao final uma alegria de interação muito natural.

No ultimo exercício eles escreverem no papel o que ganharam no dia do grupo, e depois fizeram uma bola amassando o papel  para atirarem como bola ao cesto num lixo que servia de cesto de basquete.

 

O mirar o cesto e tentar acertar a sua bola dentro dele criou um jogo que trouxe alegria, envolvimento, participação, ativação de várias partes do cérebro  com o movimento corporal, intencional e grupal, dando uma visão de como era difícil acertar todas as bolas num mesmo cesto. Fazendo a analogia com os grupos, como é difícil acertar uma intenção quando estamos fora do enquadramento que o grupo está. Fora da fase do grupo, fora do contexto grupal, fora da participação

 

Ao final uma dança da música, Zorba o Grego, tentando fazer gestos sincronizados deu ao grupo a nítida sensação desta dificuldade, de como é coordenar um grupo para que todos façam movimentos iguais. Esta música nos remonta aos primórdios de nossa evolução como seres humanos e os primeiros papéis em grupo. Os ditirambos eram músicas cantadas pelos primeiros trabalhadores em grupos. Eram os que carregavam pedras com uma corda esticada e precisavam fazer movimentos sincronizados, então cantavam em um ritmo que da força, unidade, e movimentos repetitivos em tempos iguais.

Quando repetimos os ancestrais vamos em busca destes gestos naturais que trazem envolvimento, capacidade criativa e traços desta alegria natural por conseguir a conexão.

Este grupo se superou em sua relação de conexão. Criou unidade, criou capacidade  de criarem juntos para um objetivo comum. Se estivessem em um projeto comum, teriam muito sucesso em seu empreendimento.

 

 

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